Treino para longevidade também influencia no emagrecimento ou hipertrofia; já a quantidade indicada é de 150 minutos semanais
Estudos sugerem que o melhor horário para praticar atividade física varia conforme o objetivo específico do indivíduo, como emagrecimento, ganho de massa muscular ou longevidade. Já o gênero do praticante e o melhor período de rendimento do dia também influenciam nos resultados. Saiba mais neste artigo.
Treino para longevidade
Em primeiro lugar, o segredo para viver mais, por exemplo, está no treino para longevidade após o almoço. É o que afirma um estudo liderado por pesquisadores chineses e publicado no mês de fevereiro na revista científica internacional Nature Communications. A descoberta foi feita a partir de dados coletados por sete anos em acelerômetros de mais de 90 mil britânicos.
Sendo assim, a conclusão foi de que Idosos, homens, pessoas menos ativas ou portadores de doenças cardiovasculares preexistentes são os grupos que mais se beneficiam do exercício físico entre 11h e 17h. Porém, os ganhos podem se estender ao corpo de qualquer pessoa. Além disso, os especialistas consideraram atividades de intensidade moderada, equivalente em esforço a uma caminhada rápida e intensa.
E no caso de câncer?
Por outro lado, mesmo que previna contra mortes de causas gerais e enfermidades cardiovaculares, os exercícios no período da tarde não foram os mais indicados contra o câncer. Nesse caso, aqueles que preferem a madrugada levam a melhor.
Contudo, os cientistas atribuem parte desse fenômeno à resposta metabólica do corpo à atividade física. Os horários da manhã e noite, por exemplo, são aqueles nos quais o corpo humano está mais suscetível a variações na pressão sanguínea. Além disso, o período da prática tem impacto no comportamento e nos aspectos ambientais dos praticantes, como o horário das refeições e a exposição à luz solar.
De acordo com Luciano Sales Prado, professor de educação física da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), pesquisas nessa área devem ser avaliadas com cautela. Isso porque ao comparar diferentes estudos, os resultados podem parecer conflitantes à primeira vista. Todavia, o especialista destaca que os participantes, os exercícios, o método e os parâmetros analisados variam entre os estudos.
Mas ele indica que a maior razão é a ausência de uma resposta universal. O melhor horário para quem busca colher resultados positivos para a saúde pode não ser o mesmo para aqueles que querem melhor desempenho. Um praticante de vôlei pode ter benefícios que um maratonista não consegue caso treine à tarde.
Escolher um turno para correr ou ir à academia é um processo multifatorial. Envolve gosto pessoal, imposição social por horários de trabalho ou estudo, fatores climáticos e até mesmo a lotação do local de treinamento. Especialistas acrescentam que a escolha do objetivo também deve entrar na conta.
Mulheres
Um estudo publicado no ano passado pela revista Frontiers of Physiology revelou que mulheres queimam mais gordura pela manhã e constroem mais músculos à noite. Para homens, a faixa horário ideal para o emagrecimento foi a oposta.
Para chegar nesses resultados, os cientistas acompanharam 30 homens e 26 mulheres ativos e saudáveis, com idades entre 25 e 55 anos, por 12 semanas. Divididos em dois grupos, os participantes se exercitavam antes das 8h30 da manhã ou depois das 18h, além de seguir a mesma dieta no período. Apesar da diferença de resultados, os autores destacam que houve melhora de saúde e desempenho de todos.
Vale destacar que no caso dos idosos, fazer musculação é essencial para a saúde dos ossos.
Para Daniel Rosa, professor e pesquisador da UFG (Universidade Federal de Goiás) outro fator importante é o cronotipo do indivíduo, característica que diferencia pessoas matutinas, vespertinas e noturnas, e pode ser influenciada tanto por fatores genéticos quanto fisiológicos, ambientais e sociais.
Atletas
Em 2015, pesquisadores do Reino Unido publicaram um trabalho analisando o rendimento de 20 atletas profissionais do hóquei que treinaram em diferentes horários do dia. Eles descobriram que a escolha de um turno menos adequado pode prejudicar em até 26% o rendimento do jogador. No trabalho, pessoas matutinas se beneficiaram de um treino em torno de meio-dia, enquanto as vespertinas renderam melhor por volta das 16h. Já as noturnas tiveram melhores resultados quando se exercitaram às 20h.
Rosa afirma que para um atleta, a diferença de milésimos dentro de uma competição faz diferença entre ganhar ou perder. E ainda ressaltou:
“É importante fazer atividade física independente do horário. Do ponto de vista de saúde, precisamos praticar no mínimo 150 minutos de exercícios moderados por semana.”
Já para o professor Luciano Prado o exercício físico não pode ser um grande sacrifício. E revela que uma pessoa que se exercita deve sentir uma satisfação ao final do treino. E isso também é influenciado pela adequada do horário.
Além disso, ele também desaconselha a exposição a temperaturas extremas, especialmente o calor, que pode gerar desidratação, hipertermia e atrapalhar o desempenho, encurtando o tempo de treino e a capacidade de esforço. Ambientes muito secos ou úmidos também podem ser um empecilho. Por isso, as primeiras horas da manhã ou o final da tarde podem ser bons momentos para quem mora em regiões muito quentes.
Insônia
Por outro lado, os especialistas também foram unânimes ao apontar que pessoas que sofrem com insônia devem evitar exercícios nas horas antes de dormir, principalmente aqueles mais intensos, sob o risco de alterar os padrões de sono e gerar ainda mais dificuldades para adormecer. Prado conclui:
“Na verdade, a atividade física de uma forma geral melhora o ciclo circadiano, principalmente quando é feito regularmente no mesmo horário. Mas se for feito antes de ir deitar, gera esse pequeno porém.”
*Foto: Reprodução/Unsplash (Capstone Events)