Pequenas lesões, segundo pesquisa da USP em Ribeirão Preto, SP, analisou quase 400 exames de pessoas entre 50 e 80 anos; objetivo das análises, que ainda estão em fase inicial, é contribuir para a qualidade de vida dos idosos
Uma pesquisa da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da USP em Ribeirão Preto (SP) avalia como uma nova doença pode afetar o funcionamento do cérebro de idosos.
Pequenas lesões no cérebro
Neste caso, o estudo avaliou pequenas lesões no cérebro, decorrentes do envelhecimento, que podem interferir no tempo de resposta dos pacientes para cumprir uma atividade.
O estudo foi realizado por meio de avaliação de 400 ressonâncias magnéticas, em parceria com um banco de dados da Holanda, de pessoas de 50 a 80 anos, todas com doença cerebral de pequenos vasos.
Identificação das lesões
A professora do Departamento de Física da USP Renata Ferranti Leoni esclarece que essas micro lesões no cérebro, identificadas pelas manchas brancas, são como se uma veia muito pequena estivesse entupida e afetasse a oxigenação.
“É diferente às vezes quando tem um tumor cerebral ou acidente vascular cerebral que afeta um região maior, então o sintoma ele é mais rápido e mais aparente. Nesse caso do desgaste, do envelhecimento do cérebro mesmo, essas lesões vão aparecendo e muitas vezes não vão levar a sintomas muito graves, mas que podem estar relacionadas a esse declínio cognitivo.”
Exame de imagem
Por serem lesões muito pequenas, elas são identificadas apenas com exame de imagem e podem explicar alterações na memória, dificuldade em entender algo e também em uma demora maior em responder, problemas recorrentes com o avanço da idade.
O autor do estudo, desenvolvido em mestrado, é o pesquisador Pedro Henrique Rodrigues da Silva, que explica o impacto das lesões.
“Muito provavelmente aquele que tem pior desempenho, teve mais alterações ocasionadas por lesão do que aquele que teve um desempenho mediano.”
Pesquisa em fase inicial
Por enquanto, o estudo é uma porta de entrada para entender melhor o impacto das pequenas lesões no cérebro dos idosos e pode, no futuro, ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
“A gente está pensando aqui [na Universidade] como fazer o cérebro envelhecer melhor, entende-lo, para quem sabe, ter essas terapias mais precoces para envelhecer melhor, no geral”, explica Leoni.
Parceria
Agora, o próximo passo é tentar uma parceria com o Hospital das Clínicas (HC) em Ribeirão Preto e analisar exames de pacientes brasileiros.
“Nós temos colaborações com o pessoal da neurologia, por exemplo, do HC [Hospital das Clínicas] aqui de Ribeirão. Porque a ideia é essa, a gente aqui entende a parte mais básica, de como é o funcionamento do cérebro humano e como doenças podem afetá-lo, mas tentando proporcionar ferramentas para um diagnóstico”, conclui a professora.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-idosa-sofrimento-dor-joelho_3213034