Novo relatório da OPAS ((Organização Panamericana da Saúde) escancara a necessidade urgente de priorizar a saúde mental no Brasil e no mundo diz Nathalia Belletato.
Uma pesquisa Datafolha revela que quase um terço dos brasileiros enfrenta problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, insônia e distúrbios alimentares. Além disso, uma pesquisa do Instituto Ipsos mostra que 52% dos brasileiros estão preocupados com a saúde mental, sendo a principal preocupação de saúde entre os entrevistados.
Embora a pandemia da Covid-19 seja frequentemente associada ao agravamento da saúde mental, evidências sugerem que essa crise já estava se desenrolando há décadas. A Carga Global de Doenças, uma metodologia de avaliação do impacto das doenças, destaca que transtornos mentais como depressão, esquizofrenia e dependências químicas têm um impacto significativo na vida das pessoas e na sociedade em geral. Eles representam cerca de 16% do impacto total das doenças no mundo, com a depressão como uma das principais causas de anos vividos com incapacitação.
A saúde mental é uma parte crucial da saúde geral de nossos pacientes, e os números apresentados na pesquisa sobre a prevalência de problemas de saúde mental no Brasil são alarmantes comenta Nathalia Belletato, técnica de estratégia da saúde da família no SUS.
Taxa de Mortalidade por suicídio
No Brasil, a taxa de mortalidade por suicídio está aumentando desde o início do século 21, enquanto em outras regiões do mundo, essa taxa está diminuindo. Para abordar essa situação crítica, a OPAS publicou recentemente um relatório que oferece dez recomendações de ações que devem ser implementadas pelos governos. Essas recomendações incluem a priorização da saúde mental como uma questão de Estado, o aumento do financiamento para políticas de saúde mental, a promoção da saúde mental ao longo da vida, o combate à pobreza, à violência de gênero e ao racismo estrutural, a expansão da rede de atenção à saúde mental e o reforço das estratégias de prevenção do suicídio.
Enfrentar o desafio de proporcionar acesso eficaz à saúde mental é fundamental
Relatórios da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que apenas uma pequena proporção das pessoas com sintomas de saúde mental recebe atenção, mesmo em países desenvolvidos. No Brasil, dados da pesquisa nacional de saúde de 2013 revelaram que apenas um em cada cinco adultos com sintomas de depressão recebia algum tipo de tratamento, predominantemente na forma de medicamentos. Embora tenha havido alguma melhora nesse cenário em 2019, com um em cada quatro adultos com sintomas de depressão recebendo algum tipo de atenção, a prescrição de medicamentos ainda prevalece.
Como Melhorar o acesso à saúde mental
Para melhorar o acesso à saúde mental, é necessário investir mais recursos financeiros em programas de saúde mental, aumentar a formação de profissionais especializados e capacitar os profissionais de saúde não especializados na área. A falta de protocolos e instrumentos que auxiliem esses profissionais é um desafio significativo, especialmente para os profissionais da atenção primária à saúde do SUS.
No contexto da pandemia, a telemedicina e a saúde digital ganharam destaque. No entanto, é importante notar que a maioria dos aplicativos de saúde mental ainda precisa passar por avaliações rigorosas de segurança e eficácia antes de serem incorporados à prática clínica, principalmente no SUS.
Embora o Brasil tenha progredido em algumas áreas relacionadas à saúde mental, os desafios continuam enormes. É essencial que toda a sociedade reconheça a saúde mental como uma prioridade absoluta e trabalhe em conjunto para enfrentar esse problema crescente.
Buscar Ajuda é o primeiro passo, ressalta Nathalia Belletato
Buscar ajuda em caso de questões relacionadas à saúde mental é um passo fundamental para o bem-estar e a recuperação. É importante lembrar que você não está sozinho(a) nessa jornada. Se você ou alguém que você conhece está enfrentando desafios de saúde mental, é aconselhável procurar apoio profissional, reforça Nathalia Belletato, profissional que convive diariamente com pacientes com casos graves de saúde mental.
O primeiro passo pode ser agendar uma consulta com um médico de família ou um clínico geral, que pode fornecer orientações e encaminhamentos apropriados. Além disso, psicólogos, psiquiatras e terapeutas especializados em saúde mental estão disponíveis para oferecer tratamento e apoio. Você também pode buscar ajuda em linhas diretas de prevenção ao suicídio, centros de crise ou grupos de apoio locais. Não hesite em compartilhar seus sentimentos e buscar assistência, pois cuidar da saúde mental é fundamental para uma vida saudável e equilibrada.
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