Dieta para diabéticos pode ajudar até mesmo quem possui predisposição genética para a doença
Uma má alimentação pode acarretar em um risco de 119% para pessoas que possuem predisposição genética para desenvolver diabetes tipo 2. Porém, quando o indivíduo consome alimentos saudáveis, como frutas, legumes e vegetais crus, além de baixa ingestão de ultraprocessados, há uma redução de até 30% de desenvolver a doença.
Dieta para diabéticos
A dieta para diabéticos é resultado do maior estudo para avaliação de fatores genéticos em conjunto com ambientais para determinação de diabetes já feito até hoje. Os dados completos da pesquisa saíram na revista PLoS Medicine no dia 26 de abril.
O estudo conta com pesquisadores dos Estados Unidos, de instituições como a Universidade de Harvard, da Suécia (Universidade de Lund) e da China (Universidade Marítima de Dalian).
A pesquisa coletou dados de 35.779 adultos que participaram de três cortes (estudos de epidemiologia com período de acompanhamento prolongado) nos EUA, de 1986 a 2017.
Em relação à dieta, inclusive, foi calculado o índice de alimentação saudável alternada (AHEI, em inglês). Ou seja, trata-se de uma dieta equilibrada, com: frutas, verduras, legumes crus, grãos integrais, castanhas e outras oleaginosas.
Grupos
Os participantes do estudo foram divididos em: risco genético baixo (baixa frequências das variantes relacionadas ao desenvolvimento de diabetes), intermediário e alto.
Por outro lado, o fator genético sozinho, que é o risco de desenvolver diabetes foi para essas pessoas 29% maior do que para os não portadores das variantes. Mas a avaliação da dieta em conjunto com os fatores de risco genéticos apresentou algumas variações.
Para quem tinha risco baixo genético, a associação de uma dieta de baixa qualidade aumentou em 31% o risco de desenvolver diabetes; nos pacientes com risco genético intermediário, esse valor foi de 53%; já em quem tinha risco elevado, ele atingiu a média de 119%.
Tipo 2 em acesso
Além disso, na proporção de casos de diabetes do tipo 2 em excesso calculados pelos fatores ambientais ou genéticos foi de 53,3% para risco hereditário, 38,6% para nutrição e só 7,8% para a soma dos dois. Neste último caso, indica que os dois fatores juntos não possuem tanto efeito assim no desenvolvimento ou não de diabetes, comparado a ambos separadamente.
Pode ser evitada
Segundo a pesquisadora do Centro de Genômica e Diabetes de Harvard, Jordi Merino, o estudo revela que aproximadamente um terço do risco de desenvolver diabetes do tipo 2 pode ser evitado somente com a dieta balanceada.
“Nossa pesquisa sugere que, mesmo para aqueles com risco genético elevado, uma dieta saudável pode reduzir em até 30% esse risco. Esses achados podem direcionar políticas públicas em como melhorar o consumo de dietas mais saudáveis, reduzir desigualdades no acesso a alimentos e promover informação sobre melhores escolhas na alimentação.”
O que causa o diabetes?
O diabetes é uma doença causada pelo nível glicêmico (de açúcar) alto no sangue, associado com uma inflamação metabólica crônica e uma menor capacidade de produção de insulina para reduzir esses níveis de açúcar. No Brasil, os casos de diabetes aumentaram e no mundo nos dois últimos anos de pandemia, e, mundialmente, quase 7 milhões de pessoas morrem por causas associadas ao diabetes a cada ano.
Limitações
Entretanto, a pesquisa tem limitações. Isso porque a população estudada era formada, em sua maioria, por pessoas brancas. Portanto, ela não pode ser extrapolada para todas as etnias, conclui Merino.
“Entretanto, os vieses amostrais devido à população são mínimos. O próximo passo seria conduzir um estudo clínico para avaliar os riscos genéticos mínimos e máximos em populações mais heterogêneas.”
*Foto: Unsplash