Dieta cetogênica é um tipo mais restrito da dieta low carb, e elimina ao máximo o consumo de carboidratos
Cada vez mais a dieta cetogênica ganha espaço dentre as opções de alimentação do público fitness e celebridades. Entretanto, um estudo publicado no periódico European Journal of Clinical Nutrition apontou que o estilo de regime pode ser interessante e benéfico principalmente para pessoas com doenças neurológicas, como no caso do Alzheimer.
Vale destacar que, recentemente, veio à tona que risco de demência aumenta em até 28% ao consumir ultraprocessados.
Dieta cetogênica
Em suma, a dieta cetogênica é um tipo mais restrito da já conhecida dieta low carb. Ou seja, ela elimina ao máximo o consumo de carboidratos, além de manter a ingestão de proteínas de forma moderada e aposta primordialmente em gorduras boas. Além disso, a alimentação já é muito usada para tratar crises de epilepsia, sendo também recomendada para pacientes que sofrem de obesidade, diabetes, alguns casos de câncer (pelo fato de as células cancerígenas se alimentarem de carboidratos) e lipedema.
O que diz o estudo
Segundo o atual estudo, uma revisão de 63 pesquisas publicadas entre 2004 e 2019 por pesquisadores da Universidade de Deusto, na Espanha, a dieta foi associada a uma preservação das funções cognitivas dos participantes.
Os cientistas se basearam nos bons resultados que o tipo de dieta demonstrou em pacientes que tinham convulsões. O levantamento também verificou o modo de alimentação e a relação com o Parkinson e a diabetes tipo 1. E apesar de particularidades entre as doenças, o artigo de revisão confirmou que elas compartilham semelhanças, como o estresse oxidativo e a neuroinflamação, e que o tipo de alimentação pode trazer o mesmo benefício a todas (em relação aos processos de cognição).
Os autores ainda ressaltaram:
“A dieta cetogênica não pode ser concebida como uma dieta milagrosa ou como a cura para doenças. No entanto, incentivar a pesquisa sobre seus benefícios cognitivos pode nos fornecer uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.”
Epilepsia e crianças
Conforme divulgado pelo O Globo, um estudo publicado na revista científica The Lancet Neurology dividiu dois grupos de crianças epiléticas em que um adotou a dieta cetogênica e outro não. Ao final de três meses, aquelas que passaram pela mudança na alimentação tiveram uma redução de, em média, 75% nas convulsões. Para 7% dos que adotaram a dieta, a diminuição chegou a ser de 90%.
Em contrapartida, em outro estudo, agora de pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, analisou 14 idosos com comprometimento cognitivo leve, em que parte também adotou a dieta cetogênica. Os resultados mostraram benefícios modestos, porém, significativos quando ligados aos testes de memória. Esse artigo foi publicado no periódico Journal of Alzheimer’s Disease.
De acordo com Jason Brandt, professor de psiquiatria e autor do estudo:
“Se pudermos confirmar essas descobertas preliminares, o uso de mudanças na dieta para mitigar a perda cognitiva na demência em estágio inicial seria um verdadeiro divisor de águas. É algo que mais de 400 medicamentos experimentais não foram capazes de fazer na clínica ensaios.”
Conclusão
Por fim, é importante reforçar que mudar a alimentação para o estilo cetogênico é uma alteração brusca e agressiva. Portanto, é fundamental a orientação de um médico e fazer um acompanhamento. Isso porque para algumas pessoas, como gestantes, pacientes com problemas renais ou de fígado e que sofram de transtornos alimentares, a dieta cetogênica não é indicada.
*Foto: Reprodução