7ª revolução cognitiva do ser humano é marcada pela dataficação e plataformização
A semioticista Lucia Santaella apresentou a ideia que estamos na 7ª revolução cognitiva do ser humano, durante a conferência A Hipótese do Neo-Humano – A 7ª Revolução Cognitiva do Sapiens, no dia 25 de março.
7ª revolução cognitiva do ser humano
O evento marcou a hipótese da 7ª revolução cognitiva do ser humano para Santaella. E também pontuou o encerramento de sua titularidade, iniciada em abril de 2021. Além disso, um detalhamento da hipótese será publicado em livro escrito por ela no período.
O que esperar da hipótese
O ponto de partida para a reflexão sobre a hipótese é o fato de as sociedades humanas estarem envolvidas em impasses tecnológicos, ambientais, sociopolíticos e outros, ligados à mente humana. Sobre isso, Santaella afirma:
“É preciso aplicar uma genealogia do que levou a esses impasses, com um recuo de passos tão vasto quanto os dilemas exigem. Elegi o surgimento do sapiens como marco.”
Por outro lado, a hipótese central de Santaella é que o processo progressivo de complexidade da inteligência do sapiens alimenta-se de dois fatores: a linguagem e sua multiplicação em outras linguagens e o desenvolvimento de meios sociotécnicos.
“O primeiro desses meios é o aparelho fonador. É sociotécnico porque a fala é social por natureza.”
Desdobramento
O desdobramento se deu com as tecnologias de linguagem inteligentes, que tornaram os processos mais complexos e interconectados, afirmou a semioticista.
Para ela, o surgimento da linguagem levou ao crescimento do cérebro, da mente, da capacidade humana e da expansão da inteligência para fora do corpo biológico.
Ela conta ainda que a oralidade e a escrita foram as duas primeiras revoluções cognitivas. Aliado a elas aparecem: a cultura do livro, a cultura de massas, a cultura das mídias, a cultura digital e, agora, o estágio de dataficação e plataformização.
Entretanto, Santaella considera que o crescimento da inteligência coletiva propiciado pelas tecnologias digitais não implica maior sabedoria, conclui:
“Sistemas inteligentes não são inerentemente bons. Por serem produto do sapiens, carregam demências dentro de si.”
Titularidade
Durante sua titularidade, a cátedra buscou explorar os “espaços intersticiais para dissolver as dissociações entre as ciências hard, aplicadas, sociais e as humanidades”, revelou. Para Santaella, essas implicações devem ser analisadas na academia além dos limites da engenharia, numa perspectiva inter e transdisciplinar.
*Foto: Reprodução